Boa tarde a todos!
Vou começar a postagem de
hoje com uma história que vivenciei.
Fui chamado para
substituir uma professora da disciplina de Matemática do 8º ano do Ensino
Fundamental de uma escola pública.
No primeiro contato com
os alunos, resolvi fazer uma revisão do conteúdo que eles estavam trabalhando.
Eles me informaram que o
conteúdo era "simplificação de frações algébricas".
Coloquei no quadro a
seguinte fração algébrica para a turma simplificar:
A resposta foi unânime:
Eu perguntei se a
resposta que eles tinham apresentado estava correta e todos me disseram que
sim.
Eu argumentei que o
cálculo estava incorreto e que a resposta correta era:
Eles insistiram que
poderiam eliminar a variável “a” porque ela aparecia simultaneamente no
numerador e no denominador e que a professora tinha ensinado daquela maneira.
Custei a acreditar na
informação e pedi para olhar os cadernos de vários alunos.
E, realmente, a
professora tinha dito a eles que aquela operação matemática era possível [concluí
isso a partir das correções dos exercícios feitas pela docente].
Passei o restante da aula
tentando convencê-los de que a resposta estava errada e que, dali por diante, teríamos
que rever aquele conteúdo.
Eles disseram que não
acreditavam que eu estivesse correto, porque a professora que eu estava
substituindo os acompanhava desde o 6º ano do Ensino Fundamental e ela não
poderia ter lhes ensinado algo errado [Obs.:
Mais tarde, descobri que a professora que eu estava substituindo era bióloga e
que complementava a sua carga horária ministrando a disciplina de matemática].
Mesmo não sendo
licenciado em matemática, voltei para casa pensando em como fazer para
convencê-los de que eu estava falando a verdade. Como eu iria conquistar
aqueles alunos, cujo laço afetivo que eles construíram com a professora anterior
era muito forte? E, para completar, era a minha primeira experiência com um 8º
ano. Eu era acostumado a trabalhar com alunos do 9º ano ou do Ensino Médio.
Fiz o seguinte: Em casa,
reuni vários livros de matemática que abordavam aquele conteúdo, de vários anos
(alguns muito antigos e outros publicados naquela época), e que tinham
exercícios com respostas. No dia seguinte, eu dividi a turma em trios. Pedi que
cada equipe escolhesse um dos livros e solucionasse os problemas que estavam
indicados com uma seta. Pedi que resolvessem os exercícios da forma como haviam
aprendido. Ao terminarem a tarefa, pedi que eles consultassem os gabaritos para
saber se haviam acertado ou não.
Eles perceberam que
haviam errado as respostas de todos os problemas.
Então, perguntei se agora
eles acreditavam que tinham aprendido a fazer operações matemáticas incorretas
e que eu falava a verdade. Os meus advogados foram os livros!
A partir daquele dia,
eles passaram a confiar em mim e desenvolvemos um trabalho bastante
interessante. Eles sempre estavam bastante receptivos às atividades que eu
propunha. Fui até convidado para a formatura daquela turma no final do ano
letivo seguinte, mesmo não lecionando mais naquela instituição de ensino.
Lembrei
desse caso quando li que o erro do aluno é um conhecimento que ele construiu,
de alguma forma. É tarefa do professor elaborar intervenções didáticas que
façam o estudante questionar as suas próprias respostas e reconstruir esse
conhecimento (CURY, 2008).
Segundo
Cury (2008), os professores podem explorar a análise dos erros dos alunos como
ferramentas para a aprendizagem, constituindo uma metodologia de ensino. O erro
mostra ao professor como o aluno se apropriou de determinado conhecimento e
quais as dificuldades que ele precisa superar para aprender.
REFERÊNCIA:
CURY, H. N. Análise de erros: o que podemos
aprender com as respostas dos alunos. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
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