sábado, 3 de dezembro de 2016

Avaliação da autorregulação dos estudantes de cursos a distância

Olá!
Bom dia a todos!

O ser humano é autorregulado por natureza, ou seja, ele tem a capacidade de gerir pensamentos, sentimentos e ações que são previamente planejadas e melhoradas com o intuito de alcançar determinada meta ou objetivo pessoal. E essa aptidão natural para a autorregulação é, talvez, uma das mais importantes características humanas (SIMÃO; FRISON, 2013).

De acordo com Pavesi (2015), o professor deve ensinar aos seus alunos estratégias de autorregulação para que os mesmos se tornem autônomos a ponto de controlar seus próprios processos de aprendizagem, condição necessária para a promoção da aprendizagem autorregulada. Dentre essas estratégias estão:

(a) Estabelecimento de metas;
(b) Estruturação de ambientes de aprendizagem;
(c) Capacidade de gestão do tempo.

Também é importante que os professores diversifiquem suas estratégias didáticas ao longo de determinado curso, porque isso incentiva os alunos a persistirem na busca de seus objetivos em face das dificuldades que encontrarão (PAVESI, 2015).

Gostaria de compartilhar com vocês um teste para avaliar a autorregulação dos estudantes de cursos a distância.

Barnard-Brak, Lan e Paton (2010) desenvolveram uma pesquisa através da qual foram capazes de analisar os perfis de competências de aprendizagem autorregulada, entre estudantes na educação a distância, com base nos dados coletados por meio de um questionário sobre o perfil do aluno e do chamado Online Self-Regulated Learning Questionnaire (OSLQ) e avaliaram a influência desses perfis de autorregulação no sucesso acadêmico dos estudantes.

O OSLQ é composto por 24 (vinte e quatro) itens com um formato de resposta do tipo likert de 5 (cinco) pontos cujos valores são:

(a) 5 (Concordo totalmente);
(b) 4 (Concordo parcialmente);
(c) 3 (Indiferente);
(d) 2 (Discordo parcialmente);
(e) 1 (Discordo totalmente).

O OSLQ avalia seis dimensões:

(a) Estabelecimento de metas (itens 1 a 5);
(b) Estruturação do ambiente (itens 6 a 9);
(c) Estratégias de realização de tarefas (itens 10 a 13);
(d) Gerenciamento do tempo (itens 14 a 16);
(e) Busca de ajuda online (itens 17 a 20);
(f) Autoavaliação (itens 21 a 24).

De acordo com Simão e Frison (2013), são 6 (seis) as dimensões psicológicas da autorregulação acadêmica:



Já os perfis de autorregulação são:

(a) Super autorregulação;
(b) Autorregulação competente;
(c) Autorregulação premeditada;
(d) Autorregulação de desempenho/reflexão;
(e) Autorregulação mínima.

Previamente, a confiabilidade e a validade do OSLQ, propriedades psicométricas desse instrumento, devem ser avaliadas por meio de:

(1) Análise fatorial confirmatória, que inclui 4 (quatro) testes:

(a) Validade do χ2 (lê-se: qui-quadrado) do ajuste estatístico;
(b) RMSEA (raiz quadrada média do erro de aproximação);
(c) TLI (Índice Tucker Lewis);
(d) CFI (Índice Fit Comparativo).

(2) Teste de esfericidade de Bartlett, que mostra se o uso da análise fatorial é adequado ou não.

(3) Índice de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), que indica a medida de adequação da amostra.

(4) Teste de alpha de Cronbach, que analisa a consistência interna da escala OSLQ e cujos resultados devem sempre ser interpretados à luz das características da medida a que se associa e da população onde essa medida foi feita, pois se trata de um teste sensível a desvios de normalidade.

Após os testes estatísticos terem confirmado a confiabilidade e a validade do instrumento, o OSLQ pode ser aplicado e a análise da escala é feita da seguinte forma: Os valores das respostas dos itens, de cada dimensão, são somados e esse somatório é dividido pelo número de itens, obtendo-se o escore médio (Xm) daquela dimensão.

Se 1 ≤ Xm < 2, então existe pouca frequência de autorregulação para aquela dimensão.

Se 2 ≤ Xm < 4, então existe uma autorregulação moderada para aquela dimensão.

Se 4 ≤ Xm ≤ 5, então existe um alto perfil de autorregulação para aquela dimensão.

Exemplo:

Dimensão: Estabelecimento de metas
Itens
Concordo totalmente
Concordo parcialmente
Indiferente
Discordo parcialmente
Discordo totalmente
1 – Estabeleço padrões para minhas tarefas no curso a distância.
5




2 – Estabeleço metas de curto prazo (diárias ou semanais) bem como metas de longo prazo (mensais ou semestrais).



2

3 – Mantenho um alto nível para meu aprendizado no curso a distância.

4



4 – Estabeleço metas para me auxiliarem a gerenciar o tempo de estudo no curso a distância.




1
5 – Não comprometo a qualidade do meu trabalho por ele ser a distância.


3





Posteriormente, também é possível identificar se existe correlação entre as diferentes dimensões da escala OSLQ.

REFERÊNCIAS

BARNARD-BRAK, L.; LAN, W. Y.; PATON, V. O. Profiles in self-regulated learning in the online learning environment. International Review of Research in Open and Distance Learning, v. 11, n. 1, p. 149-156, mar. 2010.

GONÇALVES, A. V.; NASCIMENTO, E. L. Avaliação formativa: autorregulação e controle da textualização. Trabalhos Linguísticos Aplicados, Campinas, v. 49, n. 1, p. 241-257, jan./jun. 2010.

PAVESI, M. A. Análise da aprendizagem autorregulada de alunos de cursos a distância em função das áreas de conhecimento, faixa etária e sexo. 2015, 117 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2015.

SIMÃO, A. M. V.; FRISON, L. M. B. Autorregulação da aprendizagem: abordagens teóricas e desafios para as práticas em contextos educativos. Cadernos de Educação, Pelotas, v. 45, n. 2, p. 2-20, maio/ago. 2013.

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