quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Estratégia didática: metodologias ativas e inovação pedagógica

Olá, pessoal!
Bom dia!

Hoje eu finalizo as atividades do módulo sobre "Inovação Pedagógica e Metodologias Ativas" da disciplina de "Docência Universitária e Integração de TIC".
Vamos à postagem!

ATIVIDADE:

Escolha uma das tendências que estão sendo utilizadas no ensino superior e, em seguida, desenvolva uma estratégia didática a partir desta tendência, que apresente sintonia com os critérios construídos sobre Metodologias Ativas e Inovação Pedagógica. Você também poderá escolher outra tendência que não foi listada no documento. Os elementos constituintes da estratégia didática, assim como os recursos a serem utilizados são livres.

Estratégia didática

Nos cursos de Química a importância do ensino experimental é sempre destacada. Todavia, essa não é uma prática efetiva entre os professores da Educação Básica, principalmente em razão das alegações de:

v  Falta de laboratórios nas escolas;
v  Inexistência de carga horária destinada às aulas experimentais;
v  Necessidade de cursos de formação para esse fim.

A realização de aulas experimentais requer:

v  Pequenos grupos de alunos;
v  Professores qualificados;
v  Espaço físico adequado;
v  Aquisições de materiais especiais.


Por sua vez, por ter um caráter pedagógico e não formador de cientistas, seria interessante, mas não imprescindível a existência de laboratório de Química convencional na escola, haja vista que é possível a efetivação de aulas experimentais, para alunos do ensino médio regular e não técnicos, fora desse ambiente e com a substituição de aparelhagens, vidrarias e reagentes usuais por outros de fácil aquisição, baixo custo e do cotidiano (MOURA; CHAVES, 2009).
Sabe-se que a capacitação para o trabalho é bastante deficiente nos cursos técnicos e universitários das áreas das ciências da natureza e das engenharias, tendo em vista que as metodologias tradicionais de ensino não contribuem efetivamente para a construção de competências profissionais por parte dos alunos e não estimulam o desenvolvimento da autonomia e da criticidade dos mesmos (Barbosa; Moura, 2013).
Outra questão é que nem sempre se estabelece uma relação entre aquilo que se ensina e as atividades que o futuro profissional irá desempenhar no mercado de trabalho.
Esse contexto é muito comum nos cursos de Licenciatura em Química, no que diz respeito a orientar os graduandos quanto à elaboração de aulas práticas. Nas disciplinas experimentais, os alunos executam os procedimentos de uma apostila, que muitas vezes não é atualizada periodicamente, para redigirem relatórios e obterem notas. Segundo Moura e Chaves (2009), o suposto aprendizado do aluno se dá por imitação, memorização e repetição das aulas práticas.
Os discentes se debruçam sobre os conceitos e os princípios relacionados aos temas das práticas, mas não valorizam os aspectos pedagógicos daquelas atividades. A aula experimental é vista como um complemento da aula teórica, ou seja, o experimento serve apenas para comprovar um determinado conhecimento ministrado durante as aulas teóricas (MOURA; CHAVES, 2009).
Geralmente, o professor, um técnico, um assistente ou um monitor separam as vidrarias e demais materiais que serão utilizados em cada experimento, além de preparar e padronizar soluções. Tudo isso para que a prática ocorra sem problemas e no tempo estipulado. Entretanto, já como profissionais, os recém graduados não demonstram habilidades para elaborar e, às vezes, nem mesmo executar procedimentos.
Segundo Goldberg (2010), dentre as sete habilidades básicas que os alunos dos cursos da área tecnológica têm dificuldade em desenvolver estão relacionadas:

v  Nomear objetos tecnológicos;
v  Decompor problemas complexos em problemas menores;
v  Modelar, qualitativamente, processos e sistemas.

A ausência de habilidade dos professores na realização de aulas experimentais está associada à sua formação docente. Moura e Chaves (2009) entendem que os cursos de licenciatura poderiam propiciar aos estudantes, durante a graduação, treinamentos sobre como manipular aparelhagens e vidrarias utilizadas nas práticas.


No Brasil, entre os anos de 1967 e 1975, houve uma popularização de projetos educacionais para aulas de ciências que faziam o uso da experimentação por meio de kits de experimentos. O fracasso de tais projetos decorreu do fato de que os professores não tinham adquirido, durante a graduação, formação para ministrar aulas laboratoriais e, portanto, não dominavam as técnicas empregadas nas práticas experimentais (MOURA; CHAVES, 2009).
Diante de tudo que foi comentado, a estratégia didática proposta é a seguinte:

Curso:
Licenciatura em Química.

Disciplina:
Química Geral Experimental.

Carga horária:
60 horas.

Metodologia ativa:
Aprendizagem baseada em problemas (ABP).

Objetivo geral:
Elaborar o roteiro de um experimento para o ensino de um determinado tema da Química Geral a partir de um vídeo.

Para a realização dessa atividade, a turma pode ser dividida em equipes, para que cada uma seja responsável por uma temática. Isso também estimula o desenvolvimento do trabalho em grupo.
Os vídeos terão sido escolhidos previamente pelo docente, dentro da estrutura que a instituição de ensino superior dispõe.

Recursos:
Haverá momentos em que o professor precisará dar orientações gerais sobre a natureza e o andamento da atividade. Por isso, um dos recursos necessários é uma sala com CPU e data show.
Para aqueles alunos que não tiverem acesso à internet, o professor deverá proporcionar o acesso dos mesmos ao laboratório de informática.
Para a realização dos testes, o professor deverá disponibilizar todos os materiais presentes no(s) laboratório(s) de Química da instituição de ensino superior.

Objetivos específicos:

1 – Identificar os reagentes, as vidrarias e os equipamentos necessários para a execução do experimento.

Os alunos precisam se habituar com os nomes dos reagentes, das vidrarias e dos equipamentos. Geralmente isso é feito apresentando aos alunos listagens com essas nomenclaturas, o que não é nada significativo para eles. Da forma como está sendo proposto, os discentes terão a oportunidade de associar o material ao seu uso.

2 – Solicitar 03 (três) cotações dos reagentes e das vidrarias necessárias para a realização do experimento.

Os alunos não sabem o valor dos materiais que manipulam em um laboratório. Alguns chegam a questionar o professor (ou o técnico) a respeito disso, mas não recebem uma resposta porque, em geral, o docente também desconhece esse tipo de informação.
Por isso, a proposta de pedir aos alunos que solicitem cotações irá lhes dar a oportunidade de saber qual o custo real de uma aula prática. Além disso, materiais muito caros passarão e ser manipulados com mais atenção para evitar o desperdício ou o dano aos mesmos.
Os alunos também atentarão que, em uma cotação, os materiais devem ser descritos nos mínimos detalhes para evitar erros na compra.

3 – Redigir o texto do roteiro, que deve conter as seguintes seções:

(a) Numeração e título da prática;
(b) Introdução sobre o tema da prática;
(c) Objetivo da prática;
(d) Listagem de reagentes;
(e) Listagem de vidrarias e de equipamentos (coletivos e por equipe);
(f) Procedimento;
(g) Levantamento de riscos e de medidas para a minimização dos mesmos;
(h) Descarte de rejeitos;
(i) Preparo e padronização de soluções;
(j) Referências.

É importante que o aluno redija o texto do roteiro da prática pensando em quem serão os seus leitores. A redação deve ser clara e objetiva para que os interlocutores sejam capazes de reproduzir, na prática, tudo aquilo que está escrito.
Olhando atentamente as seções que o roteiro deve conter, o aluno também desenvolverá noções, por exemplo: de segurança em laboratório, de descarte de rejeitos e do preparo e padronização de soluções. Nesse ponto, o aluno deve ser incentivado a fazer a leitura das Fichas de Informações de Segurança dos Produtos Químicos (FISPQs).

4 – Realizar o experimento segundo o roteiro anteriormente elaborado, com a supervisão do professor e do técnico do laboratório, e, se necessário, fazer alterações no texto.

É comum que os resultados de um experimento não sejam aqueles esperados. Mas isso não é motivo para desmerecer a aula experimental.
Professor e alunos devem sempre lembrar que as aulas práticas não têm como objetivo a formação de cientistas e apresentam um caráter pedagógico. Dessa forma, o insucesso da prática não deve ser visto como algo ruim, mas como uma situação de aprendizagem. O aluno precisa refletir o porquê daquele experimento não ter “dado certo”.

Após a realização de todas essas etapas, pode ser proposto à turma que os roteiros elaborados por diferentes equipem sejam executados por todo o grupo com forma de socialização dos resultados obtidos pelas mesmas.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, E. F.; MOURA, D. G. Metodologias ativas de aprendizagem na educação profissional e tecnológica. Boletim Técnico do Senac, Rio de Janeiro, v. 39, n. 2, p. 48-67, maio/ago. 2013.

GOLDBERG, D. E. The missing basics and other philosophical reflections for the transformation of engineering education. In: GRASSO, D.; BURKINS, M. B. (Ed.). Holistic engineering education: beyond technology. New York: Springer, 2010. cap. 13, p. 145-158.

MOURA, G. N.; CHAVES, S. N. Visões e virtudes pedagógicas do ensino experimental da Química. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS (Enpec), 7., 2009, Florianópolis. Anais... Rio de Janeiro: ABRAPEC, 2009. Disponível em: <posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/628.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2016.

domingo, 6 de novembro de 2016

Metodologias ativas e inovação pedagógica

Para mim, está sendo muito proveitoso cursar a disciplina de “Docência Universitária e Integração de TIC”.
O módulo da vez é sobre metodologias ativas e inovações pedagógicas. Já tinha ouvido esses termos antes, mas nunca tinha me interessado em conhecê-los.
A primeira atividade proposta para este módulo é justamente definir metodologia ativa e inovação pedagógica e definir quais são os critérios que definem uma atividade ativa e uma proposta inovadora para o ensino superior.
A partir da leitura do texto “Inovando no ensino superior através de metodologias ativas”, de autoria de Marcos Barros, pude descobrir do que se tratam as metodologias ativas e as inovações pedagógicas.

As metodologias ativas são aquelas que proporcionam ao aluno desenvolver uma aprendizagem ativa. Nesse processo, o professor atua como um facilitador da aprendizagem do aluno (e não apenas como um mero transmissor de informações) e o aluno é estimulado a interagir com o tema em estudo e a se envolver ativamente na construção de sua própria aprendizagem, seja: lendo, escrevendo, ouvindo, observando, analisando, questionando, discutindo, resolvendo problemas, desenvolvendo projetos, sistematizando e até mesmo avaliando e ensinando.
No tocante à inovação pedagógica, percebo que existem duas linhas de pensamento: (a) uma que diz que a inovação se dá, exclusivamente, através da introdução de algo efetivamente novo e (b) outra que também caracteriza a inovação por meio do melhoramento de algo já existente, que a primeira linha denomina de renovação.
Identifico-me mais com a segunda linha de pensamento porque, quando se renova, está se criando algo novo.
Gostei de ler que a inovação pedagógica implica na descontinuidade e na ruptura com as práticas pedagógicas tradicionais obsoletas e superadas, que permita reconfigurar o conhecimento de um ponto de vista pós-moderno. E isso resulta da criação e/ou modificação de conteúdos, ideias, atitudes, culturas, modelos e práticas.
É igualmente válido ressaltar que a introdução e a inclusão de tecnologias em sala de aula não significam, necessariamente, inovar os processos pedagógicos. As mudanças não precisam ocorrer a partir de recursos, tecnologias e mudanças nas estruturas físicas, mas sobretudo nas metodologias e propostas que tenham como foco principal a aprendizagem do aluno.
No ensino superior, o uso de metodologias ativas para a inovação pedagógica deve contemplar: (a) a discussão de temas e estudos de caso de interesse para a formação profissional e típicos da área de formação; (b) o trabalho em equipe e (c) o desenvolvimento de pesquisas cujos resultados possam ser utilizados para solucionar problemas da sociedade.

Infelizmente, tenho visto pouca inovação pedagógica na docência no ensino superior, especialmente nas áreas das ciências exatas, das ciências da natureza e das engenharias. Ainda predomina a prática na qual o professor é o detentor do conhecimento e o transmissor de informações e os alunos têm de reproduzir essas informações para obter uma nota.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Terceiro e último mapa conceitual: Didática e ensino

Boa noite!
Finalmente, o terceiro e último mapa conceitual:



Segundo mapa conceitual: Gênese da didática como campo específico e autônomo do conhecimento

Olá a todos!
Boa noite!

Acabou de ficar pronto! O segundo mapa conceitual dos capítulos 1 e 4 da obra "Docência no ensino superior: volume I", de autoria de Selma Garrido Pimenta e Léa das Graças Camargos Anastasiou:



Crônica: Reforma do ensino médio brasileiro

Olá, pessoal!
Bom dia a todos!

Enquanto não estou no laboratório, que é o único local onde tenho acesso ao CmapTolls, não tenho como construir os outros dois mapas conceituais que idealizei.
Por isso, vou adiantar uma postagem.
Trata-se de escrever uma crônica sobre os temas desse módulo, que são a didática e os saberes docentes.

Segue o texto:

REFORMA DO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO

Em razão da correria do dia a dia, nem sempre consigo separar um tempo para ler o jornal ou assistir ao noticiário na TV. Por isso, costumo acessar um portal de notícias na internet para me informar. Foi numa dessas leituras que me deparei com uma notícia sobre o encaminhamento da Medida Provisória (MP) 746/2016 ao Congresso Nacional, no dia 22 de setembro de 2016, que trata da reforma do ensino médio brasileiro.
Uma das mudanças propostas por essa MP chamou a atenção da sociedade brasileira em geral: a permissão da contratação de profissionais não licenciados, mas com notório saber reconhecido pelos sistemas de ensino, para ministrar na educação básica disciplinas de áreas afins as suas formações, porém, restritas à formação técnica e profissional dos alunos, que ocorreria simultaneamente ao ensino médio.
O notório saber pode ser entendido com um conhecimento que todos (ou muitos) reconhecem, mas que não precisa, necessariamente, ser reconhecido formalmente através de certificados ou diplomas.
O curioso é que essa prática já existe em muitas escolas de ensino técnico, sejam elas públicas (municipais, estaduais e federais) ou privadas. Os professores que são contratados não são licenciados. Eles são especialistas nos temas que dominam. A licenciatura só é exigida para quem irá ministrar aulas para turmas do ensino médio.
Certa vez conheci um profissional da logística que, por trabalhar na área há mais de 20 anos, foi convidado a lecionar disciplinas em um curso técnico de logística. E isso sem que ele tivesse qualquer conhecimento pedagógico.
Nos editais dos concursos públicos para a contratação de professores para os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, exige-se um profissional graduado na área. Nesses casos, os conhecimentos pedagógicos são avaliados apenas por uma prova didática.
Na universidade, a situação é a mesma. Os professores devem ter diploma de mestre ou doutor porque o importante é ter os saberes disciplinares da área que vão lecionar. Não é necessário ter cursado uma licenciatura ou uma graduação em Pedagogia. Tanto que, de acordo com o artigo 52 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (a chamada Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN), um terço do corpo docente das universidades deve ter titulação acadêmica de mestrado ou doutorado.
Além disso, de acordo com o artigo 66 da LDBEN:

A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado. Parágrafo único: O notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico.

A docência no ensino superior não requer formação pedagógica. O professor universitário aprende a ser docente na prática, “ensinando”. Para tal, ele usa como referência suas próprias experiências exitosas como aluno ou se baseia na prática de outros. Por vezes, a inexistência dessa formação específica para se tornar um docente universitário é compensada por formações continuadas (ou em serviço).
Todavia, para saber ensinar, não bastam a experiência e os conhecimentos específicos, mas também se fazem necessários os saberes pedagógicos e didáticos. Por isso, a profissão de professor não poderia ser exercida por quem não tem o conhecimento prévio da docência.
É interessante que a sociedade questione o fato de termos profissionais não licenciados dando aulas na educação básica. Mas, por que essa mesma sociedade não questiona o fato de termos profissionais não licenciados dando aulas na educação superior? Uma questão para refletir...